No Brasil, onde a desigualdade histórica excluiu milhões de pessoas dos serviços bancários tradicionais, a chegada de novas tecnologias tem se mostrado uma poderosa aliada na democratização do acesso ao dinheiro. Tais inovações geram inclusão financeira, uma das principais pontes para que o desenvolvimento social. Assim periferias, comunidades quilombolas, indígenas e ribeirinhas acabam de fato entrando no mapa da Era digital da economia.
Através de soluções simples, acessíveis e com linguagem próxima da realidade dessas populações, os novos meios de pagamento como Pix, carteiras digitais e apps de fintechs vêm promovendo uma revolução silenciosa. Por isso, abaixo, vamos mostrar como essa transformação vem ocorrendo, os desafios ainda presentes e as estratégias para garantir a presença eficaz, duradoura e culturalmente respeitosa. Vamos lá?
Entenda
Antes de destrincharmos o papel da tecnologia, é preciso deixar claro o conceito de inclusão financeira. Trata-se do acesso efetivo da população a serviços como contas bancárias, transferências, crédito, seguros, investimentos e meios de pagamento. Mas não apenas o acesso formal: a inclusão financeira também exige compreensão, autonomia e uso contínuo desses serviços.
Por muito tempo, esse acesso foi negado ou dificultado a milhões de brasileiros. Segundo o Banco Central, ainda existem cerca de 34 milhões de pessoas consideradas desbancarizadas no Brasil, especialmente nas regiões Norte e Nordeste, zonas rurais e nas periferias das grandes cidades.
A tecnologia como ponte de acesso
A principal transformação dos últimos anos foi tornar os serviços financeiros mais digitais, baratos e fáceis de usar. Isso permitiu que pessoas com pouco ou nenhum histórico bancário passassem a movimentar dinheiro de forma segura, sem depender de agências físicas ou documentos complexos.
Pix: ferramenta de revolução
Lançado pelo Banco Central em 2020, o Pix se tornou um divisor de águas. Com transferência instantânea, gratuita e acessível 24h por dia, ele substituiu o dinheiro em espécie em muitas comunidades. Hoje, até pequenos ambulantes aceitam Pix com um simples QR Code ou chave CPF.
O impacto foi profundo: trabalhadores informais passaram a receber pagamentos direto em seus celulares, mulheres passaram a controlar seus próprios recursos com mais autonomia, e pequenos comércios aumentaram a segurança eliminando o uso de dinheiro vivo.
Fintechs e contas digitais
Bancos digitais como Nubank, Inter, C6, PagBank, e outras fintechs, popularizaram a abertura de contas sem burocracia, sem tarifas e totalmente via celular. Isso permitiu que pessoas sem comprovante de renda ou residência pudessem finalmente ter uma conta, algo antes impossível para muitos.
As contas digitais passaram a ser o ponto de partida para receber salário, realizar Pix, pagar contas, usar débito virtual, acessar crédito e muito mais.
Carteiras digitais e apps acessíveis
Aplicativos como PicPay, Mercado Pago e até WhatsApp Pay estão ganhando espaço entre os mais pobres, transformando o celular em uma espécie de banco de bolso. O envio de dinheiro por mensagens, a compra de produtos online e o pagamento de contas se tornaram atividades rotineiras em lares antes excluídos digitalmente.
Nas periferias, uma transformação liderada pela juventude
Nas periferias urbanas, a penetração dos smartphones e da internet móvel (ainda que com instabilidade) foi suficiente para permitir uma revolução silenciosa. A juventude, mais conectada e com maior letramento digital, tornou-se agente multiplicador.
Muitos jovens passaram a:
- Ensinar familiares a usar Pix e apps bancários;
- Ajudar vizinhos e comerciantes a aceitar pagamentos digitais;
- Usar ferramentas digitais para empreender, vender online e organizar finanças.
Com isso, o acesso financeiro se tornou um novo pilar de autonomia e cidadania.
Nas comunidades tradicionais, os desafios são maiores, mas os avanços promissores
Em quilombos, aldeias indígenas e comunidades ribeirinhas, o avanço da inclusão financeira é mais lento, devido a barreiras estruturais. A falta de conectividade, energia elétrica estável, ou mesmo de cobertura bancária são realidades ainda presentes.
No entanto, o impacto das tecnologias digitais é igualmente transformador. Iniciativas como as da CONAQ (Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas) e o apoio de organizações como o Fundo Casa Socioambiental vêm promovendo:
- Capacitação financeira com linguagem adaptada às culturas locais;
- Incentivo ao uso de Pix e contas digitais para comercialização de produtos agrícolas e artesanato;
- Parcerias com bancos públicos e cooperativas para levar sinal e tecnologia às áreas remotas.
A regularização fundiária, o acesso a políticas públicas e o financiamento de empreendimentos quilombolas também passam a ser mais viáveis com contas digitais ativas.
Exemplos de impacto positivo
Agricultura familiar e o Pix
Pequenos agricultores de comunidades quilombolas no Maranhão e na Bahia relatam que, após aprender a usar o Pix, conseguiram vender produtos como feijão, farinha e banana direto para consumidores urbanos, sem precisar de atravessadores. Isso aumentou a renda e reduziu riscos de inadimplência.
Mulheres artesãs e o e-commerce
Com apoio de coletivos comunitários e ONGs, mulheres indígenas e quilombolas passaram a vender artesanato em plataformas online, utilizando contas digitais para receber os pagamentos. Isso conectou tradições culturais com o mercado nacional, com menos barreiras.
Acesso a políticas públicas
Com a popularização do app Caixa Tem, muitas famílias passaram a acessar benefícios sociais como o Bolsa Família ou Auxílio Brasil diretamente pelo celular. O saque digital e o uso do cartão de débito virtual foram cruciais durante a pandemia.
O que ainda impede uma inclusão plena?
Apesar dos avanços, muitos desafios permanecem:
Infraestrutura precária
Falta de internet de qualidade, instabilidade elétrica e ausência de dispositivos modernos limitam o uso em muitas comunidades.
Baixa educação financeira
Mesmo com acesso a apps e contas, muitos usuários não entendem conceitos como tarifas, crédito, juros e segurança digital. Isso pode levar ao superendividamento ou fraudes.
Barreiras culturais e linguísticas
Aplicativos e mensagens muitas vezes usam linguagem técnica e pouco adaptada às realidades locais. Isso afasta usuários que poderiam se beneficiar mais.
Desconfiança
Fraudes frequentes na internet e golpes por WhatsApp criam desconfiança sobre o uso de ferramentas digitais, principalmente entre idosos.
Caminhos para ampliar a inclusão via tecnologia
Para que a tecnologia seja um verdadeiro vetor de inclusão, são necessárias ações integradas e políticas públicas focadas em:
- Educação digital comunitária, com linguagem simples e visual;
- Expansão da infraestrutura de conectividade em áreas remotas;
- Desenvolvimento de apps adaptados ao contexto social e linguístico das populações tradicionais;
- Incentivos fiscais para fintechs que atuam em regiões vulneráveis;
- Promoção de lideranças locais como multiplicadores da educação financeira.
Mais que acesso, é sobre autonomia
A tecnologia pode e deve ser usada como instrumento de justiça social. Ao permitir que pessoas historicamente excluídas participem ativamente do sistema financeiro, ela amplia direitos, fortalece identidades e constrói caminhos para o desenvolvimento com dignidade.
No entanto, a tecnologia sozinha não basta. É preciso escuta, respeito aos saberes locais, capacitação e acompanhamento. A inclusão financeira só será real quando cada pessoa, em qualquer território, puder decidir o que fazer com seu dinheiro de forma segura, consciente e livre.
O futuro do dinheiro nas periferias e comunidades tradicionais não é apenas digital é coletivo, conectado e transformador. E a B.codex faz parte dessa realidade que busca mais inclusão seja na cidades ou nas regiões mais remotas. Vem conferir está inovação em nosso site!