Dar o primeiro passo no empreendedorismo já é algo desafiador e quando o assunto é expansão então nem se fala. Muitos tem receio de que o capital investido pode ser sinal de mais despesas extras, mas isso nem sempre é sinal de descontrole financeiro. Na verdade, quando bem planejado, ele pode ser uma poderosa ferramenta de crescimento e fortalecimento do negócio. O problema surge quando o crédito é utilizado de forma impensada, sem análise da capacidade de pagamento e sem objetivos claros. Neste artigo, exploramos o conceito de endividamento consciente, suas vantagens, riscos e boas práticas para utilizá-lo estrategicamente.
O que é?
Trata-se da prática de utilizar crédito com planejamento, foco em resultados e plena consciência das condições financeiras do negócio. Isso inclui avaliar a necessidade real do empréstimo, conhecer as condições de pagamento, analisar o impacto da dívida no fluxo de caixa e ter um plano claro de como o recurso será investido e quais resultados ele deve gerar.
Esse modelo é diferente do que ocorre quando o empréstimo é tomado apenas para cobrir buracos financeiros ou pagar outras dívidas, o que pode levar a um ciclo vicioso de inadimplência e comprometimento da saúde financeira da empresa.
Quando faz sentido se endividar?
O crédito deve ser visto como uma alavanca, não como um salva-vidas. Existem diversas situações em que o endividamento pode ser estratégico:
- Investimento em expansão: abrir uma nova unidade, ampliar o espaço físico, aumentar a capacidade produtiva.
- Modernização de equipamentos: adquirir máquinas mais modernas que aumentem a produtividade e reduzam custos operacionais.
- Aumento de capital de giro: equilibrar o fluxo de caixa em momentos de sazonalidade ou crescimento acelerado.
- Aproveitamento de oportunidades: compra de insumos com desconto, aquisição de estoque a preços vantajosos ou outras condições especiais.
Nesses casos, o crédito pode acelerar os resultados e garantir competitividade, desde que os juros e as condições estejam dentro do planejamento financeiro.
Como planejar um endividamento consciente
1. Avalie sua capacidade de pagamento
Antes de qualquer coisa, é fundamental entender quanto sua empresa pode comprometer da receita com o pagamento de dívidas. Em geral, o recomendado é que os encargos financeiros não ultrapassem 30% do faturamento mensal.
2. Entenda a finalidade do crédito
Nunca contraia uma dívida sem saber exatamente para que o dinheiro será usado. Ter um objetivo claro permite mensurar os resultados esperados e saber se a dívida está gerando valor para o negócio.
3. Projete o retorno do investimento (ROI)
Compare o custo total do crédito com os ganhos esperados. Por exemplo, se você está financiando um novo equipamento, estime quanto ele vai aumentar sua produção e quanto isso representará em receita adicional. O crédito só faz sentido se o retorno for maior que o custo.
4. Analise diferentes linhas de crédito
Existem diversas opções no mercado: crédito bancário tradicional, cooperativas de crédito, fintechs, BNDES, entre outros. Compare as taxas de juros, prazos, exigências de garantias e carências. Empréstimos com prazos mais longos e juros menores costumam ser melhores para investimentos de longo prazo.
5. Revise seu fluxo de caixa
Um dos maiores erros ao contrair dívidas é não considerar os impactos nas finanas mensais. Inclua as parcelas no seu fluxo de caixa futuro para garantir que o negócio conseguirá honrar com os pagamentos sem comprometer a operação.
6. Mantenha a disciplina financeira
Não é porque o crédito está disponível que ele deve ser utilizado. Use apenas o valor necessário e mantenha a organização financeira para evitar descontrole.
Erros comuns ao usar crédito empresarial
- Misturar contas pessoais e empresariais: isso dificulta o controle financeiro e compromete o planejamento.
- Falta de planejamento: tomar dívidas sem previsão de retorno ou sem saber como pagar pode ser desastroso.
- Endividamento em cascata: usar um empréstimo para pagar outro, gerando uma bola de neve.
- Falta de leitura do contrato: não entender as condições do crédito pode causar surpresas desagradáveis.
- Uso do crédito para despesas correntes recorrentes: o crédito deve financiar o crescimento, não cobrir ineficiências estruturais.
Ferramentas que podem ajudar:
- Fluxo de caixa projetado: ajuda a prever entradas e saídas futuras e avaliar se é possível assumir novas dívidas.
- Plano de negócios: guia a empresa em seus objetivos e mostra como o crédito pode contribuir para alcançá-los.
- Planilhas de controle de dívidas: ajudam a acompanhar datas de vencimento, valores e juros.
- Simuladores de crédito: disponíveis em sites de bancos e fintechs, facilitam a comparação entre opções.
O que evitar:
- Pegar crédito sem planejamento;
- Misturar finanças pessoais com as da empresa;
- Assumir empréstimos de curto prazo para objetivos de longo prazo
- Não ler o contrato com atenção;
- Contrair crédito para pagar dívidas anteriores, sem reorganizar a estrutura financeira.
Ferramentas para tomar decisões mais conscientes
- Fluxo de caixa projetado:
Permite entender o comportamento futuro das finanças e verificar se a empresa terá capacidade de arcar com as parcelas do crédito.
- Análise de cenários:
Simula diferentes possibilidades (otimista, realista, pessimista) e permite mensurar riscos.
- Indicadores financeiros:
Acompanhe métricas como margem de lucro, EBITDA, liquidez corrente, índice de endividamento e prazo médio de pagamento.
- Consultoria ou apoio contábil:
Profissionais da área podem auxiliar na escolha das melhores opções de financiamento e no alinhamento com o planejamento tributário.
Dica extra: crédito também é hábito
Empresas que cultivam uma cultura de educação financeira tendem a tomar decisões mais racionais e menos impulsivas. Promova o conhecimento entre sócios e colaboradores, incentive o uso de ferramentas de gestão financeira e mantenha uma postura transparente com investidores, parceiros e fornecedores.
Exemplo de uso estratégico do crédito
Caso fábrica de alimentos naturais
Uma pequena indústria de alimentos saudáveis decidiu expandir sua produção para atender a uma nova rede de supermercados. O empréstimo de R$ 200 mil foi usado para comprar máquinas de embalagem automatizada. Em seis meses, a capacidade de produção dobrou e a empresa aumentou em 40% seu faturamento. O crédito foi quitado em 24 meses com folga no fluxo de caixa.
Portanto, antes de tomar uma decisão, analise todas as variáveis, consulte especialistas e mantenha sua gestão financeira em dia. Assim, o crédito deixa de ser um risco e passa a ser um aliado do sucesso empresarial. Administrar um negócio não é fácil, mas deu para perceber que há métodos que podem te auxiliar, mas sempre com cautela. Gostou do nosso conteúdo? Para ver mais é simples basta ficar de olho em nosso blog e, é claro conhecer tudo que a B.codex pode tem a oferecer!