No mundo cada vez mais digitalizado dos pagamentos, segurança e praticidade caminham lado a lado ou pelo menos deveriam. Entre as inovações que vêm se tornando padrão em sistemas de pagamento online e por aproximação, a tokenização de cartões aparece como uma das soluções mais promissoras para combater fraudes e proteger dados sensíveis. Mas será que essa tecnologia realmente representa mais segurança? Ou é apenas mais uma camada de sofisticação tecnológica?
Neste artigo, vamos explicar o que é tokenização, como ela funciona, suas vantagens, desafios e como ela está sendo utilizada hoje, tanto no Brasil quanto no mundo. Também discutiremos se essa tecnologia representa uma revolução na proteção de dados ou apenas uma tendência passageira.
Vamos entender melhor essa tecnologia?
A tokenização é um processo que substitui informações sensíveis, como o número real do cartão de crédito, por um “token” uma sequência única e criptografada, usada apenas para uma determinada transação ou ambiente de pagamento.
Na prática, quando você salva ou utiliza um cartão em um site, app ou carteira digital (como Google Pay ou Apple Pay), seu número real não é armazenado nem transmitido. Em vez disso, é criado um token que representa aquele cartão e que só funciona em condições específicas, como em um único dispositivo, comerciante ou tipo de compra.
Como ela funciona?
O processo ocorre em algumas etapas:
- Captura dos dados do cartão: no momento do cadastro ou da transação, o número do cartão é fornecido.
- Envio para o tokenizador: uma plataforma (geralmente vinculada à bandeira do cartão ou ao processador de pagamentos) substitui o número real por um token.
- Armazenamento e uso do token: esse token é armazenado pelo comerciante ou aplicativo no lugar do número real.
- Transação com token: nas compras seguintes, o sistema usa o token para identificar o cartão e processar o pagamento.
- Mapeamento interno: apenas o emissor (como Visa, Mastercard ou a fintech responsável) pode “descriptografar” o token para associá-lo ao número original.
O resultado é que mesmo que hackers ou golpistas interceptem o token, eles não poderão usá-lo fora daquele ambiente específico.
Exemplo
Imagine que você salvou seu cartão em um app de delivery. Em vez de armazenar os 16 dígitos reais, o app guarda um token. Esse token é válido somente para transações feitas naquele app, naquele dispositivo. Se um terceiro tentar usar o token em outro ambiente, ele simplesmente não funciona.
Vantagens da tokenização
1. Mais segurança
A principal vantagem da tokenização é a segurança. O número real do cartão nunca é exposto, nem no momento da compra, nem no armazenamento posterior. Isso reduz drasticamente as chances de clonagem e vazamento de dados.
2. Redução de fraudes
Se um invasor acessa os dados de um e-commerce ou app e encontra apenas tokens, esses dados não têm utilidade fora daquele contexto, pois não podem ser usados em outras plataformas.
3. Experiência do usuário
Com a tokenização, o cliente pode salvar o cartão com tranquilidade, sem ter que digitá-lo em todas as compras. A tecnologia oferece praticidade sem abrir mão da proteção.
4. Integração com carteiras digitais
Apple Pay, Google Pay, Samsung Pay e outras carteiras digitais funcionam com tokenização como base. Cada transação gera um token único e criptografado, aumentando a segurança em pagamentos por aproximação (NFC).
5. Conformidade com regulamentos
A tokenização ajuda empresas a se adequarem a normas como a LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados) no Brasil e o GDPR na Europa, evitando o armazenamento indevido de informações sensíveis.
A tokenização decretará o fim da criptografia?
Não exatamente. Enquanto a criptografia transforma os dados em códigos secretos que precisam ser decifrados com uma chave, a tokenização remove os dados originais do ambiente e os substitui por identificadores sem valor informacional.
Em muitos sistemas, as duas tecnologias são utilizadas em conjunto: os tokens são criptografados para garantir uma proteção dupla. A grande vantagem da tokenização, nesse caso, é que os dados reais nunca transitam após a primeira conversão.
Onde ela está presente?
E-commerces
Empresas como Amazon, iFood, Mercado Livre e Magalu usam tokenização para salvar os dados de cartões de clientes de forma segura.
Bancos digitais e fintechs
Nubank, Inter, C6 Bank, PicPay e outras já utilizam tokenização em compras online, carteiras virtuais e cartões por aproximação.
Pagamentos por aproximação
Transações com smartphones, smartwatches ou até pulseiras inteligentes usam tokenização como base de segurança.
Assinaturas e pagamentos recorrentes
Plataformas de streaming, clubes de assinatura e aplicativos que cobram mensalidades armazenam tokens em vez de cartões reais.
É uma tecnologia a prova de balas?
Apesar de oferecer segurança elevada, a tokenização não elimina completamente o risco de ataques. Algumas vulnerabilidades possíveis incluem:
- Ataques no dispositivo do usuário, como malware ou phishing, que capturam os dados antes da tokenização;
- Vazamentos no ambiente do tokenizador, se não for devidamente protegido;
- Uso indevido por quem já tem acesso ao token, se não houver autenticação multifator.
Por isso, a tokenização deve ser parte de uma estratégia mais ampla de segurança, que inclua firewalls, criptografia, autenticação em duas etapas e políticas de privacidade robustas.
Situação atual no Brasil
O uso da tokenização vem crescendo no Brasil, impulsionado por:
- O aumento dos pagamentos digitais e por aproximação;
- A pressão da LGPD sobre o tratamento de dados sensíveis;
- A modernização dos meios de pagamento pelas fintechs;
- O avanço do Pix, que embora não use tokenização no formato tradicional, estimula novas tecnologias de segurança.
Além disso, Visa, Mastercard e Elo já oferecem soluções próprias de tokenização, integradas com emissores e adquirentes, o que facilita a adoção por lojistas e desenvolvedores.
O que o futuro promete?
A tokenização está no coração de um ecossistema financeiro mais seguro, invisível e fluido. Ao lado de outras tendências, como biometria e superapps financeiros, ela aponta para um futuro onde o número do cartão não será mais o centro da transação.
Cartões físicos continuarão existindo, principalmente como alternativa de backup, mas seu uso tende a diminuir conforme os pagamentos digitais e móveis se consolidam.
O verdadeiro potencial da tokenização está na sua invisibilidade: quando tudo funciona bem, o usuário nem percebe que o número do seu cartão foi substituído por um código temporário mas a sua segurança agradece.
Mais do que tecnologia, uma mudança de paradigma
No fim das contas, a tokenização de cartões não é só mais uma camada tecnológica é uma resposta estratégica aos desafios modernos de segurança digital. Isso porque ela não apenas redefine a forma como tratamos dados financeiros, mas como oferece proteção avançada sem comprometer a usabilidade.
Embora ainda coexistam com métodos tradicionais, como cartões físicos e senhas, os tokens estão moldando uma nova era de pagamentos, onde o foco está na experiência segura, ágil e invisível.
Para usuários, isso significa mais confiança ao fazer compras online ou pagar por aproximação. Para empresas, significa menor exposição a fraudes e mais conformidade com regulações. E para o mercado como um todo, significa um passo a mais rumo a um ecossistema financeiro verdadeiramente digital, seguro e centrado no usuário.
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