O Brasil é um país cuja boa parte da população infelizmente sobre com problemas envolvendo a gestão da sua renda. Tendo isso em mente, uma boa forma de criar cidadãos mais preparados e conscientes é desde da infância. Por isso, a inclusão da educação financeira na Base Nacional Comum Curricular (BNCC) representou um avanço importante para a formação integral dos estudantes brasileiros.
Prevista a partir da homologação da BNCC em 2017, deixou de ser um tema periférico para se tornar um eixo transversal, especialmente dentro das áreas de Matemática e Ciências Humanas. Com a implementação ocorrendo em diferentes ritmos por todo o país, surgem tanto resultados positivos quanto desafios persistentes. Neste artigo vamos explicar como tudo funciona. Vamos lá?
O que é proposto?
A BNCC incorporou a educação financeira de forma transversal, ou seja, ela não se apresenta como uma disciplina isolada, mas como um tema a ser trabalhado em diversos componentes curriculares, principalmente na Matemática — quando trata de operações, porcentagens, juros, planejamento de gastos — e em projetos interdisciplinares envolvendo História, Geografia e Sociologia.
A abordagem sugerida pela BNCC vai além do simples ensino de cálculos matemáticos. Ela enfatiza a formação de consumidores conscientes, a reflexão crítica sobre consumo e a importância do planejamento financeiro para a vida pessoal e coletiva.
Resultados alcançados até agora
1. Maior conscientização entre os estudantes:
Em muitas redes de ensino, alunos já demonstram maior familiaridade com conceitos como orçamento, consumo consciente e investimentos básicos. Ou seja, os relatórios regionais indicam que estudantes do ensino fundamental II e médio conseguem, cada vez mais, estabelecer relações práticas entre a teoria aprendida e sua vida cotidiana.
2. Formação de novos materiais didáticos:
Editoras e instituições de ensino produziram materiais atualizados que abordam educação financeira de forma lúdica e contextualizada, como jogos, simulações e projetos práticos de planejamento de feiras escolares ou iniciativas de empreendedorismo jovem.
3. Apoio de parcerias externas:
Instituições como o Banco Central e organizações da sociedade civil desenvolveram programas de apoio, capacitação de professores e distribuição de conteúdos didáticos, dessa forma há a ampliação da capilaridade da educação financeira nas escolas.
4. Integração com competências socioemocionais:
Em algumas redes, a educação financeira foi associada ao desenvolvimento de competências socioemocionais, como responsabilidade, organização e resiliência, reforçando o objetivo da BNCC de promover a formação integral dos estudantes.
Principais desafios na implementação
1. Formação insuficiente de professores:
Um dos maiores gargalos é a capacitação docente. Muitos professores não receberam formação adequada em educação financeira e, com isso, sentem-se inseguros para abordar o tema de maneira crítica e interdisciplinar.
2. Disparidades regionais e socioeconômicas:
Enquanto escolas privadas e redes públicas mais estruturadas conseguem oferecer conteúdos e projetos robustos, escolas em regiões vulneráveis enfrentam dificuldades de acesso a materiais e apoio técnico, aprofundando desigualdades educacionais.
3. Enfoque tecnicista versus crítico:
Em alguns casos, a educação financeira nas escolas tem sido reduzida a um ensino meramente técnico — como fazer contas de juros compostos — sem abrir espaço para reflexões críticas sobre temas como o consumo consciente, a publicidade infantil, ou o papel do sistema financeiro na sociedade.
4. Falta de acompanhamento e avaliação:
Há pouca sistematização sobre os resultados concretos da educação financeira nas escolas. No entanto, muitos programas ainda carecem de indicadores de impacto e avaliações de médio e longo prazo que possam guiar melhorias.
Caminhos para aprimorar a educação financeira nas escolas
- Formação continuada e específica de professores, com foco não só em técnicas financeiras, mas também em análise crítica e metodologias ativas de ensino.
- Adaptação de conteúdos para as realidades locais, respeitando as diferenças socioeconômicas e culturais dos estudantes.
- Fortalecimento de projetos interdisciplinares, que aproximem a educação financeira de temas como sustentabilidade, cidadania e direitos do consumidor.
- Incentivo à participação da comunidade escolar, envolvendo famílias e parceiros locais para criar um ecossistema de aprendizagem prática.
- Criação de avaliações e indicadores próprios, que permitam mensurar o avanço dos estudantes e das escolas na temática.
Então, ficou nítido que a educação financeira nas escolas brasileiras é uma inovação necessária e já começa a apresentar frutos promissores. No entanto, sua efetividade depende de investimento contínuo em formação de professores, adequação de conteúdos e políticas públicas que considerem as enormes desigualdades educacionais do país.
Em outras palavras, em pleno século XXI, preparar crianças e jovens para lidar de forma crítica e responsável com o dinheiro é uma etapa fundamental para promover a cidadania e reduzir as desigualdades sociais. Gostou desse conteúdo? Para acompanhar mais temas como esse é simples, basta ficar de olho em nosso blog. Além disso, já que está aqui você não pode perder a chance de conhecer nossas soluções!